quinta-feira, 6 de março de 2014

Pesssoas carenciadas sem assistência judiciária do IPAJ - considera Ordem dos Advogados de Moçambique

 Por Jocas Achar*
 


 OS técnicos jurídicos do Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ) são acusados de assistir, preferencialmente, prestigiados comerciantes de Quelimane em troca de honorários baixos e mal calculados, fugindo ao fisco pelo facto de não estarem a declarar os seus ganhos.


Para além disso, o representante da Ordem dos Advogados de Moçambique na província da Zambézia, Anastácio Nhomela, disse durante a cerimónia de abertura do Ano Judicial que o IPAJ virou, nos últimos dias, uma instituição que se esqueceu dos mais carenciados de recursos financeiros para recorrer aos serviços de um advogado e que, por conseguinte, necessitam e são objectos da sua assistência nos termos da lei.

Para Anastácio Nhomela, a atenção do IPAJ, como prevê a lei, deve prestar maior atenção aos carenciados para que a justiça seja equitativa, facto que, segundo afirmou, não está a acontecer por parte de quem tem o dever de cultivar as normas jurídicas. As acusações do representante da Ordem dos Advogados de Moçambique na Zambézia foram mais longe ao indicar que o Tribunal Administrativo é o elo mais fraco em termos de protecção ao cidadão ao privilegiar, nas suas decisões e actos, apenas o Estado.

Anastácio Nhomela afirmou, no seu discurso, que o Tribunal Administrativo está mais preocupado com a recolha de vistos de conta, homologação de contratos e outros actos próprios da administração pública, o que, de acordo com as suas palavras, fragilizou esta instituição, que se esperava que fosse também para a protecção dos cidadãos lesados pelo Estado.

Aquele orador disse, por outro lado, que a Ordem dos Advogados na província da Zambézia não tem qualquer registo ou informação de um acto administrativo que tenha lesado um cidadão demandado pelo Estado, o que reforça, cada vez mais, a ideia que naquele ponto do país o único lesado é o Estado e o cidadão não.

Nhomela criticou ainda os atrasos que se verificam nos julgamentos e, nalguns casos, marcados para a mesma hora e na mesma sala de audiências, mesmo sabendo-se que não há espaço nos tribunais.

“Não há salas suficientes e muito menos para os advogados que esperam o fim de um julgamento que está a decorrer”, disse, para depois indicar que estas e outras atitudes devem ser revistas por quem de direito para garantir a funcionalidade da máquina da justiça na província da Zambézia.

Entretanto, dados a que tivemos acesso indicam que nos tribunais judiciais na Zambézia o número de processos registados no ano passado foi de 9840, contra um total de 7808 em 2012, o que corresponde a um incremento de 40,3 por cento. Segundo o juiz-presidente do Tribunal Judicial da Província da Zambézia, Almerindo Chiziane, há toda preocupação de dar vazão aos processos que dão entrada para que a justiça seja feita.

A secretária permanente provincial da Zambézia, Elisa Sotemane, disse que o Governo Provincial vai continuar a envidar esforços para a criação de condições para o melhoramento do acesso à Justiça por parte de todos os cidadãos através da disponibilização de mais recursos humanos e matérias, bem assim da edificação de novas infra-estruturas a nível dos distritos da província.

A propósito, Sotemane disse estar em curso a construção e reabilitação de algumas daquelas infra-estruturas em alguns pontos da província da Zambézia, nomeadamente nos distritos de Milange e Alto Molócuè.

*Jornalista moçambicano.

Fonte: Jornal www.jornalnoticias.co.mz - 07.03.2014.

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