quarta-feira, 5 de agosto de 2009

General Chipande assume que dirigentes da Frelimo são combatentes da fortuna


Borges Nhamirre*
 
Foto:  noticias.pt.msn.com

Maputo (Canalmoz) – Ao afirmar que os dirigentes da Frelimo gozam do exclusivo direito de serem ricos, pelo facto de terem desencadeado a Luta de Libertação Nacional, que trouxe a Independência ao País, o general Alberto Chipande, estava a assumir o qualificativo atribuído aos libertadores africanos, pelo rapper moçambicano, Azagaia, de “combatentes da fortuna”.
Ao mesmo tempo, Chipande trouxe a nu, a ideologia dos actuais dirigentes da Frelimo, de acumular riqueza
nas suas mãos, em detrimento da maioria dos moçambicanos.
Que ninguém me venha justificar que Alberto Chipande estava a expressar sua exclusiva opinião, e não do Partido. Ao analisar os pronunciamentos do general Chipande, não devemos esquecer que ele ocupa a posição do terceiro homem mais forte na hierarquia do partido. Depois de Armando Guebuza, presidente, e Filipe Paúnde, secretário-geral, segue, na hierarquia da estrutura da Comissão Política da Frelimo, o general Chipande.
E mais, Chipande não falava em sua defesa pessoal, falava, sim, em defesa dos dirigentes da Frelimo. “Hoje existe uma tendência de se dizer que todos os dirigen­tes da Frelimo são ricos. Eu per­gunto: ricos de quê e em quê? E se forem ricos, qual é o mal? Afinal de contas não foram os mesmos que trouxeram à independên­cia que vocês estão a usufruir?”. Estas são palavras do general Chipande. Como se pode ver, Chipande não falava em defesa da sua riqueza, defendia a riqueza dos dirigentes da Frelimo, no seu todo.
Se o que Chipande estava a dizer é sua opinião, e não do partido, que o secretário-geral da Frelimo venha a público esclarecer aos moçambicanos que a Frelimo não lutou pela riqueza, mas sim pela Libertação do País. Enquanto isso não acontecer, muitos moçambicanos, como eu, continuarão a pensar que os actuais dirigentes da Frelimo são, de facto, combatentes da fortuna.
E para que o general Chipande não me venha perguntar, “qual é o mal se os dirigentes da são combatentes da fortuna”, vou aqui adiantar-lhe algumas respostas.

Primeiro: do ponto de vista legal, em nenhuma lei moçambicana está escrito que os combatentes da luta de libertação nacional têm o exclusivo direito de concentrar riquezas nas suas mãos, em detrimento da maioria do povo.

Em segundo lugar: não se conhecem os critérios usados para se seleccionar aqueles combatentes da Luta de Libertação Nacional que devem acumular riquezas, e os que devem morrer desgraçados.
É que nem todos os combatentes da luta de libertação nacional são ricos, tal como Chipande e outros camaradas da Comissão Política, o são.

Terceiro: não foram só os actuais dirigentes da Frelimo que lutaram pela independência. Penso eu, que a luta pela independência foi de todos os moçambicanos, pelo que, os frutos desta mesma independência devem beneficiar a todos os moçambicanos.
Lázaro Khavandame, Urias Simango, Joana Semeão, Padre Gwenjere, lutaram pela independência e colheram execução. Alberto Chipande, Armando Guebuza, Joaquim Chissano, lutaram pela mesma independência e ganharam riqueza.
Assim que não reste mais dúvidas a ninguém. Até pronunciamento contrário, que fique claro que não é pela liberdade que Chipande e companhia lutaram. Lutaram pela fortuna.

PS: não é pela pertinência das declarações do general Chipande que senti a necessidade de emitir esta opinião. Sei que o general está nos últimos delírios... teve os seus tempos, deu o que tinha a dar pela nação, e quando a nação chamou por si, ele respondeu prontamente, razão pela qual deu o famoso “primeiro tiro”. A minha opinião é para despertar a consciência dos moçambicanos quanto ao neopatrimonialismo que a actual liderança da Frelimo está a introduzir no Estado moçambicano. Agora o chamamento da nação é para rejeitar a tendência da Frelimo de tomar o Estado moçambicano como seu património. Moçambique não é património da Frelimo, tão pouco do general Chipande e seus acólitos que lutaram pela fortuna. Moçambique é de todos moçambicanos. Se o País tem riqueza, que seja ela para todos os moçambicanos.
*Borges Nhamirre é jornalista mocambicano. É graduando em relacões internacionais pelo Instituto Superior de Relacões Superiores - Maputo. Mandou-me este "texto jornalístico-revolucionário", hoje, por e-mail, nesta tarde.

13 comentários:

Noa Inácio disse...

Meus Irmaos,

Ao receber este email, ja tinha lido a Bordina Muala no Pais, ja tinha visto a propria reportagem, ja tinha inclusive comentado com alguns amigos a respeito do "lapso" do General Chipande.

Sim, porque trabalho em comunicacao sei quanto e dificil falar, sobretudo para aqueles que vem da escola militar, os militares nao sao muito dados para encontrar as palavras mais correctas.

Bem, nao quero deculpabilizar o General Chipande pelo seu lapso, que acredito que vai se retratar em algum momento, mas tenho a percepcao de que o General quis dizer que nao se podem impedir de serem ricos aqueles cidadaos que lutaram pela Independencia deste pais, que com o fruto do seu expertise se tornaram grandes homens de negocios em Mocambique.

Agora, alguem pode claramente questionar ao General se esse enriquecimento foi licito ou nao e passivel de acontecer, mas nao creio que fosse realmente a vontade do General de dizer que a riqueza de Mocambique e um privilegio reservado aos combatentes pela Independecia Nacional.

A minha analise nao so e fundamenta pelo momento em que nos encontramos, como tambem pelo perigo que essa afirmacao significa, por isso, reafirmo seguramente, que duma maneira directa ou indirecta o General vai se retratar o mais breve prossivel.

bantulândia disse...

Caro Inácio,

quando um mocambicano tece ideias claras me fascina, significando que estamos a crescer: temos bons intectuais, como noa inacio, que desenvolvem, no dia-a-dia, aquilo que almiro lobo, no prefacio ao ultimo livro do prof. lourenco do rosario, singularidades ii, chama de pedagogia de inquietacao. Aqui a cidadania da retorica é indispensavel.

chipande, como bem dizes, deve retratar-se. O facto de ele ser militar nao o isenta, na esfera publica, de respeitar a consciencia dos mocambicanos...

será que, desta vez, nao falou com arrogancia?

Infelizmente Anónimo de Moçambique disse...

Até que ponto as declaracoes deste senhor vao ao encontro com a realidade actual de Moçambique? Eu como moçambicano, que vivo em Moçambique, e vejo o que acontece no meu País, penso que o que disse o General, é pura confissao da ideologia actual da Frelimo.

Como nao irei eu concordar com o jornalista, se vejo com os meus proprios olhos, mercedes, bmw's, volvos, peugeot, entre outros carros de luxo a passarem na minha paragem, transportando uma a duas pessoas cada, enquanto eu aguardo por mais de 445 minutos, para nao exagerar, por um auto-carro da TPM, cuja lotacao está estipulada para 110 passageiros, mas chega a carregar 200?

Quem sao estes que andam de carros de luxo, enquanto eu aguardo horas a fio pelo nonjeto transporte público?

Sao os que combateram pela independencia e ganharam o direito exclusivo de serem ricos. A resposta nao é minha, é do general Chipande.

E eu, que nao combati, por isso so pobre, o que irei fazer? me pergunto...
muitas respostas me vem a cabeça... uma das quais, é a seguinte:
se Chipande e seus colegas combateram ao colono e ganharam riqueza, eu combaterei a eles para ganhar riqueza igualmente.

atenaco que nao disse que vou combater com as armnas de fogo, tal como eles o fizeram. o meu combate pode ser atraves da escrita, por exemplo, ou da Musica. Ja estou o fazendo aqui no blog do meu amigo Joseué Bila.

PS. Desculpe amigo ao nao assinar o meu nome aqui, é porque sou funcionario de uma instituiçao do Estado. e Como o Estado é do Chipande e seus comparsas, tenho medo que amanha me abram processo disciplinar e cair no desemprego, porque nao alinhei com a sua opniao, tal como procurou fazer Noa Inacio.
Fui!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Reflectindo disse...

Caros,

O compatriota Noa Inácio tentou melhorar o discurso de Chipande. Concordo que devia ser como Noa diz, mas a verdade é o que Chipande disse e outros como Manuel Tomé têm dito coisas idênticas. As vezes este tipo generais é mais útil porque diz as coisas com honestidade.

Portanto, concordo plenamente com o Infelizmente Anónimo de Mocambique.

Abracos

bantulândia disse...

vou provocar um outro debate sobre a histórica frelimo e a forma como conduziu o estado desde 1974. descupem o texto jornalistico é longo... escrevi-o para o jornal embondeiro em 2005...

Julio Mutisse disse...

Noa, concordo plenamente consigo.

Borges Nhamirre disse...

Sou suspeito de comentar por ser o autor do artigo. so quero, publicamente, agradecer ao Josué por me ter aceite publicar a minha opniao e dar a oportunidade de que a mesma seja debatida.

Assim consigo ver o que os outros pensam das declaracoes de Alberto Chipande.

Abraço, mano!

O Infelzmente anonimo de Moçambique falou verdades inequivocas.

Mano, estamos a espera da Historia da Frelimo que prometeste!!!

Borges Nhamirre disse...

Ajuda-me a pensar Noa!
Quantos moçambicanos combateram pela indempendencia nacional, e hoje estao na desgraça?
Qual é o conhecimento técnico-profissional detidos pelos antigos combatentes, que Noa diz que sao ricos por esperteza sua?
Concretamente, o que voce sabe que Chipande sabe fazer, para ser tao rico assim?
O que ele estudou? aonde? Quando?
Olha Noa, o que me parece, e penso que muitos outros moçambicanos pensam assim, é que Chipande é rico hoje porque é figura destacavel da Frelimo.
Vou me justificar: porque se fosse por ter combatido pela independencia, tantos outros combateram, mas nao sao ricos.
Qual é o criterio usado pelo Chipande para amealhar tanta riqueza? Sabe você me dizer? Eu nao sei!
E ja se indagou sobre algumas realidades factuais em Moçambique?
Diga-me, caro, Noa, 10 moçambicanos verdadeiramente ricos, mas que nao sao declaradamente da Frelimo? Nao digo que nao existem, mas eu nao conheço.
A minha duvida està entre dois aspectos: se é preciso ser da Frelimo, para se ser rico em Moçambique, ou é preciso ser rico para ser da Frelimo.
Mas a segunda hipotese me parece a menos corecta, alias, eu e tu, somos ambos da Frelimo, pelo menos, cartoes de membros da Frelimo, mas de riqueza temos muito pouco.
Vamos la falar!
Abraço amigo!

Anónimo disse...

Ao meu amigo e colega Borges Nhamirre

Exactamente porque sinto que o que estás a espera de mim é ouvir se tens ou ou não rezão sinto que vou seguramente defraudar as suas expectativas.

Caro Borges

Porque é que eu deixei que você tivesse encontrado algo nas interlinhas do meu texto, julgo que não deveria ter usado a cidadania da retórica como muito bem Bila a conceptua.

Caro Borges

Depois de tudo quanto escreveste e outros nesta casa, só posso terminar te convidado a lêr o meu post, por sinal o primeiro destes comentário.

“Meus Irmaos,

Ao receber o email com o texto do Borges, ja tinha lido a Bordina Muala no Pais, ja tinha visto a propria reportagem, ja tinha inclusive comentado com alguns amigos a respeito do "lapso" do General Chipande.

Sim, porque trabalho em comunicacao sei quanto e dificil falar, sobretudo para aqueles que vem da escola militar, os militares nao sao muito dados para encontrar as palavras mais correctas.

Bem, nao quero deculpabilizar o General Chipande pelo seu lapso, que acredito que vai se retratar em algum momento, mas tenho a percepcao de que o General quis dizer que nao se podem impedir de serem ricos aqueles cidadaos que lutaram pela Independencia deste pais, que com o fruto do seu expertise se tornaram grandes homens de negocios em Mocambique.

Agora, alguem pode claramente questionar ao General se esse enriquecimento foi licito ou nao e passivel de acontecer, mas nao creio que fosse realmente a vontade do General de dizer que a riqueza de Mocambique e um privilegio reservado aos combatentes pela Independecia Nacional.

A minha analise nao so e fundamenta pelo momento em que nos encontramos, como tambem pelo perigo que essa afirmacao significa, por isso, reafirmo seguramente, que duma maneira directa ou indirecta o General vai se retratar o mais breve prossivel.”

Borges não tenho mais nada a dizer

Seu amigo

Ximbitane disse...

Quando se diz o que lhe vai a alma, deve-se tratar de novo (retratar)? Para os senhores da verdade, deste pais, até fica mal.

Para evitar o que o Noa diz que vai acontecer, e em publico, o ditado, "nao cuspas para o ar se não queres que o asco te cai na cara", cai que nem uma luva!!!

Borges Nhamirre disse...

"Porque trabalho em comunicacao sei quanto e dificil falar, sobretudo para aqueles que vem da escola militar, os militares nao sao muito dados para encontrar as palavras mais correctas.

Bem, nao quero deculpabilizar o General Chipande pelo seu lapso, que acredito que vai se retratar em algum momento, mas tenho a percepcao de que o General quis dizer que nao se podem impedir de serem ricos aqueles cidadaos que lutaram pela Independencia deste pais, que com o fruto do seu expertise se tornaram grandes homens de negocios em Mocambique".

O que está entre aspas voce é que escreveu, Noa.

Vamos deixar de embelezar as palavras, vamos falar directamente do assunto.
Com estas palavras eu entendi que estás a dizer que foi uma falha o que Chipande disse, a verdade é que nao está a defender direito exclusivo de riqueza para os combatentes, como ele. para sustentares a sua tese, arranjas umas dsculpas... uma das quai é que Chipande é da escola militar, por isso nao sabe falar (hehehe)
dá mesmo para rir. Olha Noa, se nao sabe falar, que se cale, ou entao contrtate alguém, como você, para falar por ele.

Mas no meio de tudo isso, insisto com as minhas perguntas, as mesas que você entendeu como se fosse o pedido de razao, ou algo assim.

Diga me se é verdade ou nao o que o General disse. Ele próprio, é ou naio é rico? Qual é a fonte da sua riqueza?

Agora espero que nao me venhas dizer que o general falhou falando verdades.
Abraço, meu amigo e colega.
Aguardo anciosamente resposta sua... e outros que tem a coragem de escrever o que pensam...

Anónimo disse...

“Hoje existe uma tendência de se dizer que todos os dirigen¬tes da Frelimo são ricos. Eu per¬gunto: ricos de quê e em quê? E se forem ricos, qual é o mal? Afinal de contas não foram os mesmos que trouxeram à independên¬cia que vocês estão a usufruir? Joaquim Chipande

Caros,
Não consigo encontrar, nesta frase, algo que faça concluir que os dirigentes da Frelimo são combatentes da fortuna.
Primeiro Chipande questiona se de facto os dirigentes da Frelimo são ricos. RICOS DE QUÊ E EM QUÊ?
Por fim Chipande lança a hipótese deles serem realmente ricos e pergunta, tal como outros moçambicano, qual seria o problema dum dirigente da Frelimo ser rico. Será que está proibido de ser rico por ser dirigente da Frelimo. E SE FOREM RICOS, QUAL É O MAL?

Ou é um problema grave de interpretação de texto, o que é decepcionante para um individuo com formação superior, ou é situação de desespero onde adversários políticos procuram qualquer elemento para servir de arma de arremesso.


Sérgio Santos

Anónimo disse...

Nao comente um assunto q nao entendeu, caro Sergio Santos.
A citaçao de Chipande que parafraseas, esta no texto, so para sustentar o q ele defende nao é so sua riqueza, mas sim da toda copula da Frelimo. Deves nao saber em q contexto ele fez aqueles pronunciamentos, e eu nao te vou servir de arkivo. Leia os jornais. O pais, savana, zambeze, dpois volta comentar.
Mas mesmo assim o que entendes quando o general pergunta que NAO FORAM ELES QUE LUTARAM PELA INDEPENDENCIA QUE HOJE ESTAO A USUFRUIR??
Marcelino Massingue