Por Rafael Bié
De
longe o Comité Central do partido Frelimo ajudou a resolver as “makas” no seio
dos camaradas, mesmo que a propaganda comunicacional tente convencer-nos que o
partidão sempre se sai bem em face de crises internas, que até são normais numa
organização.
Ainda
há gente que atrapalha, há gente que incomoda e, assim sendo, é preciso agir com
precaução, é preciso “investir no futuro” da Luísa Diogo, antiga Primeira-Ministra,
mesmo que seja na base de expedientes “rumorescos”, enlatados e espalhados via
comunicação social, com este semanário a fazer eco.
Um
artigo do profuso jornalista Ricardo Madaukana, na última edição do SAVANA,
traz um título de criar água na boca, mesmo que seja um conjunto de rumores,
percepções e especulações, e até criação de gente com mente fértil: “Rumores
sobre candidatura independente de Luísa Diogo ganham força”.
A
seis meses das eleições? O suficiente para um jornalista começar a franzir a
testa, tanto mais que esse jornalista não é “viente”, vive aqui e conhece as
engrenagens do sistema político que aqui está montado.
Dito
de uma forma deselegante, pode-se afirmar que se está em presença de um embuste
jornalístico mas a satisfazer expedientes de dentro do partido Frelimo, visando
abater a ex-funcionária do Banco Mundial, sabido que Luísa Diogo não teria
condições, ou seja não teria estrutura política que a endossase para enfrentar
Filipe Nhusy, mesmo que viesse a receber apoio quer de Joaquim Chissano e de
qualquer outro colosso da Frelimo. Parece cedo demais para assistirmos a
oxidação do partido Frelimo como aconteceu com o Partido Comunista da União
Soviética (PCUS). A Frelimo parece mesmo um partido inoxidável.
Luísa
Diogo deve ser extremamente ponderada para não aventurar e seguir o caminho por
que passou Francisco Masquil, antigo governador da província de Sofala, depois
que entregou o seu “cartão vermelho” ao partido, ela (Luísa) que não é nehuma
entusiasta em matéria política.
E
desafiar o “actual status quo” feito à medida do alfaiate, em Pemba, quando do
10º Congresso da Frelimo seria um suicídio político que Luísa não quererá experimentar.
Candidatar-se, hoje, como independente é o mesmo que entregar o cartão como fez
Francisco Maquil. A não ser que a Luísa pretenda andar na rua a falar sozinha,
o que é de duvidar!
Luísa
Diogo provavelmente saiba (Ricardo Madaukana, permita-me rumorar) o quão
poderosa e sofisticada é a máquina da fraude que a Frelimo põe em marcha para
ganhar eleições (Changara, em Tete e muito recentemente em Gurué, na Zambézia),
são a parte visível do iceberg) e não
se sabe se ela estaria em condições de desafiar essa mesma máquina a escassos
seis meses das eleições, com alegações de que tem um substrato político acima
da média e contaria com apoio de mulheres.
Diogo,
pessoa que ocupou na Frelimo e no Governo várias posições de relevo, deve saber
quais são outros expedientes que são accionados para desbaratar os adversários,
sendo por isso pouco crível que Luísa Diogo embarque nessa aventura.
O que
deve estar a acontecer é que Luísa Diogo está a ser vítima de alguns camaradas seus
que acreditam que dentro dos próximos dez anos ela continuará presidenciável,
como aliás é hoje. Ficou em segundo lugar nas internas da Frelimo, atrás de
Filipe Nhusy e cometeu o “erro político” de não ter abdicado de ir a um second round, o que teria sido “politicamente
correcto”. A ida dela depois da primeira volta a uma segunda pode ter sido visto
como uma afronta (quem sabe?) ao presidente Guebuza e toda uma entourage que este controla - pelo menos
- este é o pensamento de alguns círculos. Dito de outra forma, Luísa não
deveria ter ido a segunda volta com aquele que integrava os três elegidos pela
ala “visionária”, “clarividente” ecrustada ao “Grande Líder”.
Aliás
é esse o discurso em certos círculos e a ter em conta de dentro do partido
Frelimo. Ou seja, Lísa Diogo não deveria ter cometido a asneira de ir a uma
segunda volta para por em causa o pré-candidato da Comissão Política a quem
Guebuza, triunfalmente disse: “Este é o nosso (meu) candidato”, referindo-se ao
ex-funcionário ferroviário.
A
Luísa, com este expediente jornalístico, expedientes de smss, e-mails e redes
sociais, em minha opinião não deve ser mais do que um alvo a abater ela que
eventualmente pode ainda ser candidate em 2024. É preciso investir no futuro e
não nos esqueçamos que Luísa Diogo disse recentemente que é preciso acreditar
que uma mulher pode ser Presidente, um dia. Ela estava a falar dela mesmo (?),
numa clara demonstração de que a ambição dela de andar de Mercedes Preto ainda
está intacta. Mulher de fibra a Luísa!
Para
dar um cunho jornalístico, o Ricardo Madaukana, que escreve belíssimos textos
para o SAVANA, foi ouvir académicos. Mas se esqueceu de ouvir a pessoa sobre
quem toda a sua prosa versa: a Dra Luísa diogo e o texto de Madaukana não diz
ao leitor que ele, como jornalísta, empreendeu algum esforço para ouvir a
antiga Ministra das Finanças.
Ao
tentar tentar sustentar um rumor na base daqueles académicos, que se sabia, à
partida, pensariam da mesma forma foi seguir o que faz a TV pública que sempre
nos dá a ouvir a mesma opinião mas saída de quarto bocas diferentes, e mesmo
assim chamam àquilo “debate”.
E o
que se fez com as pessoas que tiram 30 meticais para comprar o SAVANA, como eu,
foi uma burla no sentido em que se foi buscar “académicos” (que até são bons)
que se sabia, à priori que iam analisar o assunto sem se abstrair do passado
recente da Luísa Diogo.
Este
exercício não é mais do que o que se pode dizer de “lei do menor esforço”.
Alguns jornalistas têm tentado falar com fontes, com pessoas visadas nos seus
artigos e, pelo menos, ficamos a saber de uma coisa: ligamos para a fonte e o telefone
fez tum tum tum tum tum tum. Insistimos e o telefone fazia tum tum tum tum tum!!!
E por
que é necessário abater a dona Lulu, como é chamada em alguns círculos, tendo
sido já aniquilada em sede das internas do Comité Central da Frelimo.
Provavelmente (permita-me, Madaukane, voltar a especular também) em função dos
resultados das internas é preciso ter em conta o seguinte aspecto. É que na
constituição do governo, caso Nhusy vença as eleições de Outubro, o que é muito
provável, não se deve, hipoteticamente, deixar a Luísa na periferia do “taxo
governativo” ou em outros cargos importantes. É que Luísa Diogo, no jogo do
equilíbrio do género de que Moçambique se “gaba” de ser campeão na África
Subsahariana, ela pode ser equacionada para Primeira-Ministra mais uma vez ou
mesmo para substitur Verónica Macamo, na Assembleia da República, caso a
Frelimo vença as eleições de 15 de Outubro. Isto vai garantir-lhe manter
visibilidade por um period de dez anos até daqui a dez anos e é isso que corrói
alguns corações. Provavelmente.
E
conhecendo-se o arcaboiço intelectual, académico de que é detentora e mesmo
comparando com algumas mulheres que até fazem parte da Comissão Política, é
preciso começar a trabalhar porque em 2024 Luísa Diogo terá 66 anos e ainda com
energia para o que der e vier.
A presidente
da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf,
chegou ao poder em 2005 com 67 anos, contando hoje com 76 anos e o percurso
dela tem alguns pontos em comum com a hoje PCA do BARCLAYS.
E não
nos esqueçamos que Luísa Diogo foi Primeira-Ministra nos primeiros cinco anos
de Armando Guebuza para, mais tarde, não fazer o segundo mandato, e em sua
substituição vir a ser substituído por Aires Aly, não tendo feito este último se
quer três anos. E não pode ter sido problema de incompetência que fez com que
Luísa Diogo caisse da cadeira de Primeira-Ministra.
E
indo na teoria de alas que se supõe existir dentro da Frelimo, não se deve
colocar de lado a hipótese de uma cabala estar a ser engendrada pela mão da ala
feminista dos que no último Comité Central sairam vencedores que a vêem como
sendo uma ameaça para a sua estabilidade política e económica futura e o tempo
começa a escassear. E tal não me parece coisa de Homens, deve ser mesmo coisa
de mulheres. Sou forçado a pensar na senhora que o um jornalista diz ser “a mulher
poderosa” da Frelimo. E eu prefiro tratá-la com uma outra designação:
ponderosa. A Margarida??? Isto só pode ser problema dos dentro e os de fora, fora
de quê? Luísa Diogo foi para fora do jogo quando desafiou Nhusy em segunda
volta. A dona Lulu foi vítima do seu “atrevimento”.
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